Renata Bomfim
I
Ah! o corpo e sua antiguidade.
Células, sangue, estruturas que se equilibram
Num balé misterioso.
Festa da vida.
É pavoroso descobrir
A fragilidade dessa fortaleza.
II
Penetraste entranhas úmidas,
dedilhaste as camadas do meu dentro
como se um livro fosse.
Reconheceste a história de tuas dores e agonias
nas frágeis páginas de mim.
III
O movimento é lento,
Num átimo meus braços se elevam e
Danço sozinha, no silêncio.
A coluna dobra vertingens,
Os pés deslizam
Tomados por uma emoção sem nome.
Apenas danço!
IV
Esse mesmo corpo conviveu com os dinossauros,
Viu a terra em tempo de belezuras indizíveis.
Será que o corpo que habito me pertence?
Tateio a face,
Os dedos deslizam.
Sinto o sabor da pele fina
da boca, o sugar torna-se religioso.
Os olhos se fecham,
Há brandura e selvageria
Nesse ente.
V
Desfrutaste a beleza dos primeiros dias,
Agora, sinta a beleza do fim.
VI
Canta para os meus seios,
Para as palmas das minhas mãos, ventre.
Canta que a vida é infinita,
Já o corpo, poeticamente transita
Num oceano de luminescências.
Canta para os meus seios,
Para as palmas das minhas mãos, ventre.
Canta que a vida é infinita,
Já o corpo, poeticamente transita
Num oceano de luminescências.
(Renata Bomfim)
Um comentário:
Muito lindo, uma viagem sensível
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