18/04/2023

Irmã Cleusa Carolina Rody Coelho e a causa indigenista (Prof.ª Dra. Renata Bomfim)


A história de vida, e de morte, da irmã Cleusa Carolina Rody Coelho (1933-1985) trouxe-me à memória a proposição de Walter Benjamim de que “cada época ao sonhar a seguinte, força-a a despertar”. Benjamim não sobreviveu ao tempo sombrio do nazismo, assim como irmã Cleusa Carolina, professora capixaba que optou pela vida religiosa, sucumbiu lutando pelos valores nos quais acreditava. O pensamento de Benjamim é um alerta sobre o perigo do esquecimento e a importância de se trazer à luz a memória dos oprimidos, pois, apenas assim poderá ser criada uma barreira contra a barbárie.

Vivemos um período de grande obscurantismo no Brasil, no qual a educação sofre graves ataques e, barbáries como a ditadura e o genocídio indígena, são minimizadas e, até mesmo, negadas. A história de irmã Cleusa Carolina explicita questões como a violência contra mulheres, pacifistas, ambientalistas e o genocídio dos povos originários, que remonta a colonização. Ao rememorarmos esse passado que se presentrifica de forma perversa, auscultamos a contrapelo da história, ecos da resistência e da luta dessas minorias, de humanistas e dos índios brasileiros, quiçá forçando um despertar coletivo para questões tão prementes.

Irmão Cleusa Carolina pediu dispensa do trabalho que realizava e, sem remuneração, mas determinada, foi viver entre os índios Apurinã, na Amazônia. Na sua última transferência para a cidade de Lábrea, em 1982, a freira capixaba uniu forças com aqueles que ela considerava serem os mais vulneráveis da sociedade, “os mais pobres e marginalizados”, apoiando as comunidades na luta pela demarcação, em um momento no qual os latifundiários invadiam e ocupavam as terras indígenas, muitas vezes com a conivência de autoridades locais. Representante do Conselho Missionário Indigenista, irmã Cleusa Carolina era professora de formação e a sua trajetória como missionária sempre esteve ligada à educação.

A história de vida dessa freira que dedicou 32 anos ao serviço missionário começa em Cachoeiro de Itapemirim, ES, no dia 12 de novembro de 1933. Aluna brilhante, ao final do curso de magistério, recebeu do Governo do Estado do Espírito Santo o prêmio de escolher em qual escola lecionaria, foi nesse momento que optou pela vida religiosa. Em 1952, na Comunidade de Ilha das Flores, no Rio de Janeiro, Cleusa Carolina adotou o hábito e tornou-se Sór Maria Ângelis.

Em 1954 quando foi enviada pela primeira vez para as Missões de Lábrea, iniciou a criação do Educandário Santa Rita, destinado às crianças carentes da cidade, onde trabalhou como professora primária. No ano de 1958, de volta ao ES, em Colatina, emitiu votos perpétuos de pobreza, obediência e castidade.  Mais tarde, irmã Cleusa Carolina decidiria não vestir mais o hábito religioso, usando apenas roupas simples recebidas como doação, ato motivado pelo desejo de diminuir diferenças e distâncias entre ela e as pessoas que atendia no trabalho fraternal.

Irmã Cleusa Carolina abraçou a sua vocação como educadora e o período que passou em Vitória, que se estendeu até 1973, dirigiu o Colégio Agostiniano e obteve Licenciatura Plena em Letras Anglo-germânicas, na UFES, dedicando-se, também, à formação de lideranças para criar Comunidades Eclesiais de Base. Foi nessa época irmã Cleusa Carolina voltou a adotar o nome de batismo. O trabalho missionário estendeu-se dos centros educacionais para presídios, lares de pessoas doentes e leprosário. No período que esteve em Manaus, a freira ia para as praças ao encontro dos meninos de ruas, levando para a sua casa alguns deles que corriam perigo de vida, passando assim a ser mal vista pela polícia, acusada de ser conivente com a desordem e protetora de infratores e marginais. O compromisso para com a justiça pode ser observada no trecho de uma carta enviada à outra freira, irmã Lourdes, em maio de 1978 que diz: “Temos que construir fraternidade, é necessário, mas a justiça tem que estar na base de toda a convivência humana”. Foi assim, colocando a justiça como um pilar da fraternidade que irmã Cleusa Carolina cumpriu a sua missão como integrante da irmandade das Missionárias Agostinianas Recoletas



. Irmã Cleusa manifestou, em carta, o desejo de desenvolver um trabalho de alfabetização para adultos com os povos ribeirinhos, a “pastoral das curvas”, dos Purus, preocupando-se, também, com “os irmãos espalhados pelas estradas”.

A participação ativa na causa indigenista fez com que a freira se tornasse querida entre os índios, mas por outro lado, incomodou aqueles que os perseguia. Irmã Cleusa Carolina foi assassinada no dia 26 de abril de 1985, o seu corpo foi encontrado dois dias depois, nu e escalpelado, com mais de cinquenta chumbos de arma de caça na cabeça e no tórax, várias costelas quebradas, braço direito decepado e a sua mão direita nunca foi encontrada. Os ossos do braço direito da irmã Cleusa Carolina estão depositados na Catedral Metropolitana de Vitória e, tramita hoje, no Vaticano, um processo para a sua beatificação.

O martírio da religiosa capixaba faz parte da história de violência que abrange os conflitos que envolvem terras indígenas e extrativismo e que ainda vitima muitos indígenas. Irmã Cleusa Carolina foi um exemplo de amor ao próximo e à educação, e foi honrando esse legado e buscando que a sua memória não caiam no esquecimento, que a Academia Feminina Espírito-santense de Letras (AFESL) tornou-a Patrona da cadeira de número 24, ocupada hoje pela escritora Beatriz Monjardim F. Santos Rabello.

Renata Bomfim


A potência da poesia de Jericho Brown, Pulitzer em 2020.


Jericho Brown

Uma voz essencial, questionadora da tradição que relegou ao povo negro um lugar de subalternidade, marcado pela exploração e pela exclusão. A obra de Jericho Brown põe em cheque as limitações, preconceitos e determinismos impostos pelo sistema, apontando um caminho de reescritura dessas narrativas totalizantes por meio da poesia. 

Um olhar sensível que nasce da tessitura atenciosa da linguagem, urdindo relações afetivas, especialmente familiares, e afirmando uma posição de não conformidade com o a violência, não é por acaso as flores são abundantes nas suas obras e estão sempre relacionadas a sua imagem pessoal. 

Em 2019 Jericho Brown recebeu o Prêmio Pulitze com a obra
The Tradicion. O poeta coleciona títulos desde a sua primeira, intitulada obra Please (2018). 

Jericho Brown nasceu em Luisiana, Estados Unidos, em 1976. Foi bolsista na Guggenheim Fellowship e, atualmente, é professor na Universidade Emory, em Atlanta, além de dirigir o Programa de escrita criativa da instituição. Na sua escrita poética há a fusão de diferentes formas líricas, como o soneto, e música, como o blues.



Conheci Jericho em Granada, no Festival Internacional de Poesia (FIPG), ele representando os Estados Unidos e eu o Brasil. Uma pessoa doce, com presença marcante e sorriso largo, enfim, a simpatia foi imediata e curtimos muito o carnaval de Granada e a imersão nesse mundo da poesia que a gente tanto ama. Nessa oportunidade  compartilhamos  poesias e alegria. 

Durante as noites nos reuníamos nas praças, ou em frente as igrejas seculares, com poetas de vários países do mundo, para leituras de poesias nas nossas línguas maternas, que eram posteriormente traduzidas para o espanhol por uma equipe de jovens tradutores granadinos estudantes de teatro. Surpreendente conhecer a potência dessa poeta que denuncia e enfrenta a violência secular contra o povo negro. 

Mas advirto, não é uma poesia leve, possui uma beleza brutal ao nos colocar frente a frente com a brutalidade do sistema racista que busca silenciar e paralisar pelo medo. Poema "Duplex":

I begin with love, hoping to end there.

I don’t want to leave a messy corpse.

 

       I don’t want to leave a messy corpse

       Full of medicines that turn in the sun.

 

Some of my medicines turn in the sun.

Some of us don’t need hell to be good.

 

       Those who need least, need hell to be good.

       What are the symptoms of your sickness?

 

Here is one symptom of my sickness:

Men who love me are men who miss me.

 

       Men who leave me are men who miss me

       In the dream where I am an island.

 

In the dream where I am an island,

I grow green with hope.  I’d like to end there.


Jericho Brown e Renata Bomfim no carnaval de Granada, Nicarágua.



13/04/2023

PRONOMES PESSOAIS GENERALIZADOS (Prof. Dr. José Augusto Carvalho)

 Os pronomes pessoais podem ser usados de forma genérica, sem ligação direta com as pessoas do discurso. O pronome eu, por exemplo, com sentido genérico, pode designar não apenas o falante, mas o ouvinte ou qualquer outra pessoa. Imaginemos alguém que, falando das vantagens de se passar algum tempo no interior, diga, numa linguagem informal: “Numa cidadezinha, é bom, eu posso respirar ar puro, fazer higiene mental. Onde é que eu acho lugar melhor para descansar, senão na roça?” 

O falante, pelo fato de dizer eu, não quer significar necessariamente que tenha estado numa cidade pequena. Ele está generalizando uma situação cuja vivência considera universalmente válida. 

O pronome de 2ª pessoa (tu, você, o senhor, etc.) também pode ter um emprego de sentido genérico, que o aproxima do grupo dos indefinidos, isto é, um emprego em que não se refere especificamente a nenhum ser determinado. Embora semanticamente de 2ª pessoa, o pronome tu (você, o senhor, etc.) pode designar, por transferência de experiência pessoal, uma 3ª pessoa generalizada e, simultaneamente, o eu e o tu do processo de comunicação. Em outras palavras, ao mesmo tempo em que designa um ser indeterminado, também designa o falante e o ouvinte, numa neutralização das três pessoas gramaticais num espécie de arquimorfema. Por exemplo, ao falar com uma amiga solteira, um homem pode desabafar assim: “Você chega cansado na sua casa, encontra sua mulher indisposta, seu filho doente, e aí você fica transtornado, sem saber o que fazer.” Observe-se que os adjetivos cansado e transtornado, referindo-se a você, não estão no feminino, como seria de supor, já que a ouvinte é mulher. Esse você, na verdade, é o próprio eu do falante na tentativa de generalização de seu próprio caso particular. Você, nesse exemplo, assume as três pessoas gramaticais: é o ele genérico; é o eu que narra a própria experiência e é o tu (você) também genérico, com que eu pretende partilhar sua própria sorte.

Esse emprego de tu, em sentido genérico, foi analisado por Halliday e Hasan, que o chamaram de exófora institucionalizada (HALLIDAY, M.A.K. e RUQAYA, Hasan. Cohesion in English. London: Longman, 1976, p. 53), junto com o nós e o ele usados também genericamente. Exófora é tudo o que se refere a algo exterior ao texto. Por exemplo, o pronome eu, numa carta, é um pronome exofórico porque se refere a alguém que se situa fora do texto escrito. Eis o que dizem esses autores: “Não somente o pronome pessoal generalizado one mas também we, you, they e it têm um uso exofórico generalizado em que o referente é tratado como se fosse imanente em todos os contextos de situação. You e one significam “qualquer indivíduo”, como em ‘you never know, one never knows’[trad.: você nunca sabe, nunca se sabe]; (...) We é usado de forma semelhante mas mais concretamente, implicando um grupo particular de indivíduos com os quais o falante deseja identificar-se, como em ‘we don’t do that sort of thing here’ [trad.: nós não fazemos esse tipo de coisa aqui].” 


Giselle Machline de Oliveira e Silva registra também no francês fenômeno semelhante: “On ne va plus en France sans qu’on vous exploite” [trad.literal: Não se vai mais à França sem que explorem você.]. (SILVA, Giselle M. de Oliveira e. Aspectos sociolinguísticos dos pronomes de tratamento em português e francês. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, 1974 – dissertação de mestrado inédita). A autora, contudo, ressalta apenas o emprego de vous (você) como anáfora do primeiro on, e não como exemplo de exófora institucionalizada. 


O você como exófora institucionalizada pode ser entendido como referência a uma 2ª pessoa imaginária, o que não lhe tira o status de pronome pessoal, ainda que se assemelhe semanticamente a um pronome indefinido. Apesar de se assemelharem semanticamente aos pronomes indefinidos como quantificadores determinados, os numerais cardinais, por exemplo, continuam sendo numerais cardinais: “Éramos seis.” (Título de um romance de Maria José Dupré). 


O pronome nós também pode designar o ouvinte, excluindo o falante, caso em que nós não significa eu + alguém, mas apenas tu ou você. O médico, chegando ao hospital, pergunta ao doente: “Como passamos a noite? Como estamos hoje?” A mãe, querendo alimentar o filho, diz-lhe “Vamos tomar a sopinha?” – Esse nós, nos exemplos citados, em sua forma ø significa você. 


Eles também pode ser empregado com um sentido genérico, em sua forma plena ou em sua forma ø: “Fui à secretaria, mas eles não quiseram dar-me o atestado.” Esse eles pode estar significando apenas uma pessoa que o falante não quis nomear ou determinar. Sintaticamente, contudo, neste caso, eles é analisado como sujeito simples (por só ter um núcleo). Em sua forma ø, a indeterminação da 3ª pessoa do plural é registrada em todos os compêndios gramaticais como “sujeito indeterminado”: “Assassinaram o Presidente Kennedy” (Cf. CUNHA, Celso. Gramática do português contemporâneo. 6.ed. rev. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1976, p. 91). Um sujeito só é considerado indeterminado, pela Nomenclatura Gramatical Brasileira, quando não tem núcleo. O sujeito é simples se tiver um só núcleo, ainda que esse núcleo seja um pronome indefinido, como em “Todos saíram”, “Nada me afeta”, “Tudo mudou”.

***

Prof. Dr. José Augusto Carvalho é Natural de Governador Valadares, MG. Crítico literário, é professor aposentado da UFES, Mestre em Linguística (Unicamp) com a dissertação Análise de alguns componentes da narrativa (1975) e Doutor em Letras (Língua Portuguesa e Filologia) pela USP com a tese A Articulação pronominal no discurso (1979). Autor de A ilha do vento sul (romance), Aprendendo a ler (didático), Do pensamento à palavra – lições de português para a prática da redação (didático - em colaboração), De língua e linguística (2022), O suicida e outras histórias curtas (2020), Pequenos estudos de lingua(gem) (2022) e Crônicas linguísticas (2018). 

É NATURAL QUE AS SEPULTURAS SE ABRAM? (Poema Renata Bomfim)

 

É natural que as sepulturas se abram,

E que delas saiam,

Para ocupar postos nobres da vida,

Seres apodrecidos?

 

Não, a carne deve ser transformada

Pela terra.

A cova deve ser lugar de decanto,

Sem distinção,

Para santos e vis.

 

*** 

Em 2022 o Brasil venceu, nas urnas, a luta contra a barbárie e o fascismo, mas a guerra ainda não está vencida, a luta continua!


Máquina de Guerra (poema/Renata Bomfim)

 

Pequenino.

Petulante.

Quixotesco.

Brilhante.

Insurgente.

Num átimo ele cruza a floresta.

Não foge à luta.

Desafia o falcão.

 

Plural.

Adaptativo.

Nenhum ecossistema

Lhe é estranho.

 

Cria furacões

Com o bater das asas.

Coleta néctar na intimidade

Das flores, é conhecedor

Dos mistérios da polinização.

 

Voa em qualquer direção

À velocidade da luz.

Possui poderosos músculos.

Seu coração bate

Em compasso frenético

Desafiando o tempo.

 

Quem diria,

O um pequeno colibri

É uma máquina de guerra!

 

Elogio de la Poesía (Por Francisco de Asís Fernández)


Francisco de Asís Fernández

Especial para Prometeo
A la memoria del extraordinario poeta
y artista Enrique Fernández Morales


La palabra es de la boca a la libertad. Por eso los que trabajan con la palabra trabajan la
Libertad, los que trabajan con la palabra hacen criaturas verbales que tienen vida
eterna. Por eso los que trabajan con la palabra son prisioneros de una Pasión en su Vida
que solo busca la libertad. Viven con libertad bajo palabra y para cumplir con la
palabra sometida a la libertad. Y su mundo está hecho de palabras.
El mundo de la palabra es el más sólido de los mundos. Todo el Universo mundo
depende de las palabras. Esta Babel que compartimos tiene sus cimientos en la palabra.
Y los conceptos corresponden a las palabras y adquieren sus significados por las
palabras. La Historia del Hombre es la Historia de la palabra. La Historia de la Libertad
es la Historia de la palabra. La Historia del origen de las especies, la Historia de las
guerras, la Historia de la comprensión y de la incomprensión, la Historia del amor y del
desamor, la Historia del Firmamento y del Romance de la Vía Láctea se hizo con
palabras y con el sistema del lenguaje, con el Sistema Universal de las palabras.
Y también La Poesía esta hecha con palabras, y la Historia del hombre en la vida
terrestre está hecha con palabras.
Los poetas queremos transformar el mundo y cambiar la vida, y solo dormimos en nidos
de papel y en ellos separamos y mezclamos la virtud y la perversión del ser humano, lo
racional y lo irracional, lo intuitivo y lo intelectual, lo espiritual y lo corporal, lo
Apolíneo y lo Dionisiaco, el lenguaje y lo que queremos expresar, las pesadillas y los
sueños, la plenitud y la abstinencia, las ficciones y el borrador de vida que vivimos, las
obsesiones y el drama, el algo y la nada, las coincidencias y el destino, el humor y la
lástima, lo insólito y el vacío y la mudez, dos seres idénticos contemplándose: uno que
viene de la fantasía de la literatura y el otro que viene de la realidad, lo obvio y lo
enigmático, la imagen y el contenido, ideas, sueños y pensamientos, la perversión y la
perversidad, los modelos de vida que construimos en la niñez y los estropicios del alma,
la paz de un solo salvaje y el gran teatro del mundo.
Por ese prodigio de la imaginación que desde niño vi en la poesía, nunca tuve otros
héroes en mi vida más que los poetas. Y a mis héroes me los encontraba en mi casa
todos los días. A Rubén Darío, a Salomón de la Selva, a Azarías Pallais, a Carlos
Bravo, a Joaquín Pasos a Pablo Antonio Cuadra, a José Coronel, a Luis Alberto
Cabrales, a Francisco Pérez Estrada, a mi padre el poeta Enrique Fernández, a Carlos
Martínez Rivas, a Ernesto Mejía Sánchez, a Ernesto Cardenal, a Fernando Silva, me los
encontraba todos los días en mi vida, así como los hombres primitivos hablaban y
caminaban entre sus héroes y sus Dioses. Y una vez que fui con mi Colegio a una
excursión a Ciudad Darío, mi padre me pidió que le trajera un puñado de tierra original
del Patio de la casa donde nació Rubén Darío para ponerla Santificada en una urna
encima de un altar junto a una bandera de Nicaragua y una fotografía de nuestro más
grande héroe de la palabra, de nuestro más grande héroe del verso, de nuestro más
grande héroe de la poesía que estaba entronizado en mi casa y vivía con nosotros
Mis héroes eran los poetas y el lenguaje de la pintura era el ángel tutelar de la poesía.
Mis héroes no tenían necesidad de salir en las películas pero estaban llenos de fantasías
y entraron y salieron en la pantalla de mi vida desde siempre y para siempre. Mis

héroes viven su propia vida y en sus obras dejan de ser sus sombras, le temen más a la
muerte que a la vida, porque saben que el amor es más fuerte que la muerte. Son magos
que producen conejos y cometas. Para los poetas las Islas de Granada parecen animales
verdes reposando. Para los poetas la vida eterna es la soledad y la contemplación
Los Poetas viven con el Corazón, los sueños y las pesadillas: Con esas sucias
bestezuelas que maltratan a los hombres.
Son como los niños que hablan con sus juguetes y como los juguetes que se encariñan
con sus dueños. La belleza de las palabras es lo primero que descubre el hombre y el
poeta encuentra cómo transformarlas hasta que pide misericordia, porque la vida,
entonces, empieza a girar como si fuera un error sobre su propio eje donde termina y
empieza la verdad de la mentira. Toda la verdad del mundo está hecha con palabras. Las
Historias de la verdad y de la mentira están hechas con palabras y los arqueólogos de las
palabras hacen calas en el lenguaje para saber cómo vivían y pensaban en todos los
pasados el hombre y la mujer cuando se decían la verdad y cuando se decían la mentira.
Yo no tuve el trabajo de inventar a mis héroes. Mis Héroes ya vienen en la historia
sagrada y pagana de la literatura nacional y no tuve que inventar a los héroes de mis
héroes, que después fueron también los míos, porque esos héroes ya vienen en la
Historia de la Literatura Universal.
La Historia Universal está poblada de Héroes de la literatura, de Héroes literarios
capaces de todo lo imaginable; han poblado al mundo y le han dado personalidad y
carácter a las geografías nacionales y a las Historias nacionales de Europa, Asia, África,
América y Oceanía
Los grandes amantes y las grandes amantes, los grandes traidores y las grandes
traidoras, las sabandijas de la Historia, la abnegación y las perversidades vienen en el
relato oral que sobrevivió al paraíso terrenal, y que fue salvado por los más fuertes en el
proceso natural de selección de las especies y rescatado del Diluvio Universal y
distribuido en el mundo después de la Babel de los sueños del hombre de alcanzar el
cielo y la perfección. El relato oral vive ahora impreso en el nido de papel en donde
duermen y sueñan los poetas. Porque hay que reconocer, también, que los poetas
dormimos en un nido de papel porque somos los seres más desamparados, más
desprotegidos del orbe cristiano, musulmán, ateo y chiíta. Somos los eternos
damnificados de los terremotos y tempestades que provocan las pasiones de la realidad
y las ficciones.
En la infinita diversidad del mundo de la naturaleza, en donde Dios nunca hizo dos
seres idénticos, Dios hizo al poeta, Torre de Dios, Pararrayos Celeste, sensitivo y
viviente y lo hizo con votos de pobreza e indefensión, al margen del poder, y lo hizo
como el gran antihéroe de la sociedad. Mis Héroes son los antihéroes para los hombres
del poder y de los Bancos, salvo honrosas excepciones entre la gente del poder y de los
Bancos. Mis Héroes, que hacen la poesía, que es el producto que tiene la mejor calidad
entre los productos exportables de Nicaragua, son vistos siempre como unos marginales
y como unos antihéroes dentro de la tragedia inenarrable de la Historia de Nicaragua.
Los Responsables de la tragedia, quienes han desbaratado y, malversado el país hasta
llevarlo a la bancarrota moral y económica hacen de lado siempre al poeta para no darse
cuenta de lo humano de su pensamiento, para no darse cuenta de la calidad de
solidaridad humana que necesita un ser humano para vivir, del horizonte de sus
reflexiones, de las injusticias que se cometen con el acaparamiento irracional de la
riqueza. El poeta para vivir necesita la justicia social, y la justa distribución de la
riqueza, necesita inversión en la educación, en la salud, en la vivienda, en la cultura, en
la Democracia.

Pero Dios hizo al poeta como un perdedor exquisito. Y al político y al banquero como
dos ganadores empedernidos. Al perdedor le dio la palabra, a los ganadores los
números. En los informes financieros los números están en negro y las palabras
aparecen en rojo, se enturbian o desaparecen. Pero la verdad la decía José Coronel
Urtecho cuando hablaba de que la poesía nicaragüense es el único producto que
hacemos los nicaragüenses verdaderamente competitivo en el exterior, que la poesía es
nuestro producto de mejor calidad. La verdad es que las letras nicaragüenses están en
negro y los números nicaragüenses en rojo.
Los nicaragüenses, ciertamente, nos merecemos la poesía. Yo confío en cuerpo y alma
en la poesía y confío en el cuerpo y en el alma de la poesía. Confío en el mundo interior
y en el mundo exterior de la poesía.
Confío en lo que la Poesía le revela al ser humano y confío en lo que contiene la Poesía
que hace que el hombre se rebele. Confío en la Rebeldía de la Poesía, así como confío
en la vida.
A mi me enseño mi padre que la verdadera fortaleza espiritual de la palabra se da en la
poesía y que la fortaleza espiritual de la poesía
redime al hombre. A mí me enseño mi padre que la poesía está en todas partes y que la
gratuidad de la poesía es una bendición en los ojos del poeta que todo lo ve con los ojos
de la poesía, y que no hay temas ajenos a la poesía. Mi padre hizo más mi alma que mi
cuerpo y me hizo poeta. A mí mi padre me enseño que los poetas no estuvieron en la
construcción de Babel, que los poetas no están en la traición, ni en el robo ni en el
crimen, que la naturaleza de la poesía está en el reino espiritual porque la poesía eleva al
hombre a la categoría de Torre de Dios y Pararrayos Celeste. La poesía le da al hombre
una nueva especie de jardín donde florecen la inocencia y la libertad para que el poeta
habite el mundo con pasión y apetito insaciable.
La palabra es de la letra a la libertad. La palabra es de la imprenta a la libertad y el
conocimiento de la letra y de la palabra han hecho libres al hombre y a la mujer. Yo
creo en la palabra y creo en la libertad. Creo en la democracia. Creo que la poesía
enaltece al ser humano, y le da el sentido de la belleza al mundo. Creo que con la
poesía el hombre deja el testimonio de su vida y de su tiempo con la hondura humana de
su alma. También pasa que el poeta altera la realidad y vive una realidad alterada y vive
lo que no viven los demás. Pasa que siempre encuentra la piedra bruta del dolor y para
cantar su miseria baja, como el minero, a la profundidad de su espíritu para encontrar la
palabra que relata su tragedia.
La palabra es de la letra a la Libertad y cada poeta logra su propio lenguaje y su propio
mundo y llega a la poesía, cada vez, a través de una experiencia única, individual,
irrepetible, intransferible y solo consolado por la lluvia. Para encontrar mi propio
lenguaje busqué la idea y el sonido y la química de las palabras, y la encontré en la
alquimia de la carne y el espíritu, en la alquimia de la gratuidad de la poesía que rechaza
que la poesía sea un instrumento. Encontré que la poesía debe ser producto del
matrimonio entre la sensibilidad, la imaginación y la cultura, encontré que la poesía es
la voluptuosidad de los sentidos en el reconocimiento de la pureza y de la impureza, que
la poesía, como el amor, es el banquete de los sentidos, que la poesía logra la magia de
la transformación de los pecados capitales en virtudes teologales, encontré que la
armonía entre la lírica del espíritu y las bajezas del alma comunica a los sueños con la
razón, que en el universo de la poesía viven Ángeles y demonios y que todos ellos
deben expresarse, que el lenguaje de la poesía debe contener la riqueza y la complejidad
del cielo y del infierno, que el don de la vida en la poesía se da por el don de la palabra,
que en la poesía los sueños son mensajes secretos entre el alma y la razón, que la
sensualidad de la palabra es para el poeta, lo que el cuerpo del amante es para la amante,

que el lenguaje de la poesía debe tener la agresividad y la armonía de la naturaleza, que
en la poesía el dolor del alma siempre es una criatura verbal del orgullo de la razón.


Francisco de Asís Fernández
Presidente del Festival Internacional de Poesía de Granada,
Miembro de Número de la Academia Nicaragüense de la Lengua y
Miembro Correspondiente de la Real Academia Española
Medalla de Honor en Oro de la Asamblea Nacional de Nicaragua,
Cruz de la Orden al Mérito Civil otorgada por el Rey Juan Carlos I de España,  
Doctorado Honoris Causa en Humanidades otorgado por la Universidad American College,
Homenaje Múltiple al poeta Francisco de Asís Fernández editado por la Academia Nicaragüense de la Lengua,Hijo Dilecto de la Ciudad de Granada, Nicaragua.


***
Na imagem,entre poetas de várias partes do mundo, eu, Derek Walcot (Nobel de literatura), atrás dele a querida poeta Glória Guabardi (esposa de Chichi), à frente Chichi e ao seu lado o querido e saudoso poeta Ernesto Cardenal. 

Um dos discurso mais potentes e sensíveis que já li, mas não poderia esperar algo diferente do nosso querido Francisco, ou Chichi para os mais próximos. Tive a alegria de ter o texto de apresentação do meu livro de poemas O Coração da Medusa, escrito por esse amigo querido que sempre me recebeu em Granada com os braços abertos, fazendo da sua terra natal  minha também. Guardo na memória os vários encontros que tivemos no FIPG e o quanto essas vivências estão entre as mais queridas no meu coração. 

Uno de los discursos más potentes y sensibles que he leído, pero no podía esperar nada diferente de nuestro querido Francisco, o Chichi para los más allegados. Tuve la dicha de tener el texto de presentación de mi libro de poemas O Coração da Medusa, escrito por este entrañable amigo que siempre me recibió en Granada con los brazos abiertos, haciendo mía también su patria. Guardo en mi memoria los diversos encuentros que tuvimos en la FIPG y cómo estas experiencias están entre las más queridas de mi corazón.

SOB A CIDADE JAZ UMA FLORESTA (poema Renata Bomfim)

 

Sob a cidade jaz uma floresta.

Sob o asfalto correm veios d’água

Ignorados.

Para muitos, as árvores em frente as casas

São motivo de incômodo.

A materialidade solapou a beleza

Natural e sua imanente transcendência.

Eu vejo e falo com seres invisíveis,

Eles vem até mim nos sonhos,

Pedem que eu diga

Que existem tantos planos de vida

Quanto há estrelas no céu.

 

O jardim não se cansa lutar

Pelo resgate do território,

Quer produzir o inefável.

Flores e insetos formam

Guerrilhas urbanas, a luta acontece

Em planos imperceptíveis.

O jardim abriga espíritos

Que ameaçam olhos obscurecidos

Pela ganância, pelo poder e pela glória.

A beleza pode minar corações encouraçados.

A cidade esqueceu que, sob os seus pés,

Correm veios d’água.

A terra viva emana energias sutis.

 

As raízes, em conluio, tramam,

Ameaçando rígidas estruturas.

Atenta que o império vai ruir a qualquer momento,

Sob a força da leveza, cedendo à potência

Do que não possui nem cor e nem forma.

A lei, no futuro, será a fluidez.

Manifesto (poema Renata Bomfim)

 

Nada mais escandalizante que a beleza.

Nada mais combatido que o amor.

Nada mais forte que a revolta, alimento das revoluções.

O Colibri miúdo e brilhante afronta a ordem vigente apagando incêndios criminosos, Incendiando espíritos insurretos:

Ele faz a sua parte.

O homem que se diz civilizado esqueceu do seu parentesco com os colibris.

Abaixo os métodos simplistas, insensatos e brutais de produção.

É tempo de regeneração e de aplicação das tecnologias do mundo natural.

Abaixo a ignorância!

Voltemos a tomar conselhos com as árvores e com os homens e mulheres da floresta.

A terra flutua no grande nada, seu status é o infinito, o eterno.

Nada se acaba, a transformação da matéria é a grande lei.

Os ser humano vai redescobrir o seu lugar a partir do exercício da imaginação,

Vai redescobrir o sentido de comunidade.

Reinventar-se em conjunção com as estrelas.

Por uma estética que se manifeste em atos de partilha sensível.

Lutemos contra as injustiça, o brutal.

O jardim vencerá o cimento insensível e grotesco.

04/04/2023

ESTRANGEIRISMOS E EMPRÉSTIMOS (José Augusto Carvalho)

         Há duas forças na língua que, segundo Saussure,  se opõem simultaneamente: o espírito de campanário (esprit de clocher) e o espírito de intercurso. O primeiro visa a assegurar a estabilidade da língua diante de influências estrangeiras; o segundo opera de forma a permitir a entrada na língua de empréstimos e estrangeirismos.

O empréstimo é uma forma ou expressão linguística que uma língua aceita e adota de outra. O que distingue o empréstimo do estrangeirismo é que este ainda não se integrou à língua, enquanto aquele já é do domínio de seus usuários. Assim, palavras como “hábitat” (latim), “déjà vu” (francês), “flashback” (inglês), “Blitz” (alemão) são estrangeirismos. Mas palavras como “balé” (fr. “ballet”), “chofer” (fr. “chauffeur”), “futebol” (ing. “foot-ball”), “chutar” (ing. “shoot”) são empréstimos, porque já estão incorporados à língua, com roupagem vernácula integral. O empréstimo pode ser externo, quando proveniente de outra língua (como “mantilha”, de origem castelhana) ou interno, quando proveniente de um dialeto, de um registro ou de um falar típico dentro da mesma língua (como “mixar” ou “mixaria, da gíria dos ladrões; ou “boia”, que designa comida, na gíria militar).

            Nem sempre o estrangeirismo adotado numa língua tem o mesmo sentido na língua de origem. Assim, a expressão “outdoor”, usada por falantes do português para designar o quadro em que se fazem anúncios em via pública, não tem esse sentido em inglês, em que “outdoor”  significa “ao ar livre”. O que nós denominamos “outdoor” chama-se em inglês “billboard”. O francês “rendez-vous” significa “encontro”, sem a conotação pejorativa de seu uso em português. A expressão “bi Gott” (que significa “por Deus”) do médio alto alemão, usada como invocação empregada para reforçar uma afirmativa, no séc. XV, entrou na língua francesa como “bigot”, com o sentido de “carola”, pessoa muito devota. O termo alemão “Blitz”, que usamos para designar uma batida policial de surpresa, se origina da expressão “Blitzkrieg” (guerra relâmpago), que designava os ataques rápidos e inesperados dos alemães na II Guerra, mas, na língua de origem, “Blitz” significa relâmpago, e não batida policial.

O empréstimo, muitas vezes, faz “turismo”: passa de uma língua A para uma língua B, e volta à língua A com modificações. O português “feitiço” deu origem ao francês “fétiche” que voltou ao português com outro sentido. O substantivo “boeuf”, que, em francês, significa “boi”, foi emprestado ao inglês que o adotou como “beef” na palavra “beefsteak” (fatia de boi), que voltou ao francês como “bifteck” (em português, “bife”).

            Um tipo especial de empréstimo é o decalque, termo com que se designa a tradução literal, na língua A, de uma palavra ou expressão de uma língua B, às vezes com a subversão do significado tradicional na língua A dos elementos que constituem a tradução. Por exemplo, “cachorro quente” é decalque do inglês  “hot dog”; “salvar”, com o sentido de “guardar num arquivo do computador”, é decalque do inglês “save”; “realizar”, com o sentido de “entender, perceber”, é decalque do inglês “realize”. A utilização de “gênero” como sinônimo de “sexo” é decalque do inglês “gender”, numa confusão condenável, porque gênero nunca existiu em português como sinônimo de sexo (sexo é distinção semântica, e gênero é distinção gramatical). A expressão “luta de classes”, que designa, no marxismo, o conflito entre classes sociais ou entre o proletariado e a burguesia, é um decalque do alemão “Klassenkampf”. Outros decalques: “quebra-luz” (do fr. “abat-jour”), “arranha-céu” (do ing. “sky-scraper”), “balípodo” ou “ludopédio” (neologismos de Castro Lopes para substituir o ing. “foot-ball”), “auto-estrada” (do fr. “auto-route”), “caminho de ferro” (do fr. “chemin de fer”), etc.

            Às vezes o decalque nasce de uma tradução inadequada. Na expressão “Rutschbahn” ou “Rutschberg”, que significa  montanha (Berg)  de escorregamento (Rutsch),  designando uma atração de origem alemã em parque de diversões, o nome “Rutsch” foi indevidamente traduzido  para o francês como se fosse o adjetivo “russe”, e a atração ficou conhecida como  “montagne russe”, isto é, “montanha russa”.

            Neologismo é uma palavra inventada (ou com sentido novo). Para reforçar o espírito de campanário, os campeões de neologismos no Brasil são Castro Lopes e Oduvaldo Cozzi. Oduvaldo Cozzi foi muito feliz com seus neologismos relacionados com futebol: escanteio (corner), zagueiro (back), impedimento (off side), falta (foul), penalidade máxima (penalty)... Pena que “tento” (goal) e “arqueiro” (goal keeper) tenham tido pouca aceitação.

Volante é galicismo, como guidon. A diferença é que guidon é usado para bicicleta ou motocicleta. Curiosamente, o francês chauffeur (chofer) designa a pessoa que tem por profissão dirigir um automóvel (como motorista de táxi, por exemplo); o que dirige um caminhão é um routier (derivado de route, estrada); o que dirige um carro

de corridas é um pilote (piloto). O que chamamos normalmente de chofer (nome genérico), em francês é conducteur (condutor). Bijuteria, cabotagem, calambur, abajur,carnê, claque, condessa, engrenagem, engomar, feérico, golpe de estado, marquesa, massagem, matinê, nuance, menu, piquenique, posar (posição artística), reclame bulevar, chalé, comitê, confeccionar, creche, crochê, croquis, debutar, detalhe, elite, envelope, etiqueta, festival, fissura, golpe de vista, greve, marrom, penhoar (peignoir), filatelia, chofer etc. são empréstimos de origem francesa.

Castro Lopes propôs neologismos para substituir esses galicismos. Alguns permaneceram, como protofonia (ouverture), convescote (piquenique), ramalhete (buquê), cardápio (menu); outros, nem tanto:  sobrecarta (envelope), preconício (reclame),), entrosagem (engrenagem),  comitissa (condessa), legicídio social (golpe de estado),  sigilogia (filatelia), ludâmbulo (turista), lucivelo (abajur), sinesíforo (chofer),

Parafraseando Drummond, “lutar com vocábulos é a luta mais vã”. A língua é dos seus usuários ou, como diria Houaiss, dos seus utentes...

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O Prof. Dr. José Augusto Carvalho é Natural de Governador Valadares, MG. Crítico literário, é professor aposentado da UFES, Mestre em Linguística (Unicamp) com a dissertação Análise de alguns componentes da narrativa (1975) e Doutor em Letras (Língua Portuguesa e Filologia) pela USP com a tese A Articulação pronominal no discurso (1979). Autor de A ilha do vento sul (romance), Aprendendo a ler (didático), Do pensamento à palavra – lições de português para a prática da redação (didático - em colaboração), De língua e linguística (2022), O suicida e outras histórias curtas (2020), Pequenos estudos de lingua(gem) (2022) e Crônicas linguísticas (2018). 

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Em 2010 tive a honra de contar com a presença do Prof. José Augusto Carvalho no lançamento do meu primeiro livro, o Mina. Um ser humano generoso e, na minha opinião, uma das mentes mais brilhantes da nossa cultura. O professor José Augusto aceitou finalizar a revisão do Mina, após o falecimento do amigo em comum Miguel Marvilla, a partir de então nos tornamos amigos, algum tempo depois ele me deu a alegria de prefaciar o Arcano Dezenove, meu segundo livro de poemas, de 2012. 
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